O Processo
mapa dos iMÓVEIS VAZIOS E “CARCAÇAS” DO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR (CHS)

Este mapa é fruto do trabalho da professora e alunxs da Atividade Curricular em Comunidade e Sociedade (ACCS - UFBA) “O habitar em casarões ocupados do Centro de Salvador”, em conjunto com moradorxs integrantes de movimentos sociais do CHS - Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH); Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB) e "Centro Cultural “Que Ladeira é Essa?” - que, em 2018, percorreram pacientemente cada uma de suas ruas, identificando todos os imóveis vazios e “carcaças” que se encontram dentro da poligonal do CHS.
O processo de execução do mapa contou com as seguintes etapas:
1- Divisão da poligonal do CHS em 4 zonas (Comunidade da Preguiça; Sétima Etapa da Reforma do CHS; Santo Antônio; Taboão), e formação de equipes de trabalho para atuar em cada uma;
2- Caminhada pelos espaços em conjunto com moradorxs de cada zona, para levantamento de informações acerca dos imóveis mapeados e georreferenciamento dos espaços identificados como “vazios” ou “carcaças”;
3- Catalogação dos espaços mapeados na plataforma My Maps;
4- Transferência da catalogação para base SICAR, disponibilizada pela Prefeitura de Salvador, para a impressão do mapa físico;
5- Apresentação e entrega do mapa impresso para o MSTB e a AMACH.


Impossibilitadas de se manter em outras regiões da cidade e se recusando a deixar o local pelo qual nutrem um profundo sentimento de pertencimento, xs moradorxs do CHS veem-se obrigadxs a habitar de forma apinhada ou precária, ocupando imóveis, pressionando o poder público para cumprimento de sua função de garantir o direito à moradia digna para a população.
Este levantamento foi realizado com o objetivo de denunciar a luta por moradia no Centro Histórico de Salvador, em face das políticas públicas seletivas e excludentes executadas na região, as quais são voltadas, sobretudo, para o desenvolvimento do setor turístico, em detrimento da população original que ali habita. Com a requalificação do CHS, iniciada na década de 90, milhares de moradores, em sua maioria pobres e negros, foram expulsos do Centro, lugar onde habitam há gerações, cultivam suas principais relações afetivas e tiram seu sustento, através das diversas possibilidades de trabalho. Com o esvaziamento do CHS e os projetos de desenvolvimento econômico no local, centenas de imóveis ficaram inutilizados, sendo alvos da especulação imobiliária e projetos de políticas públicas que não saíram do papel, cenário que se contrapõe à demanda por moradia e pelo direito de habitar com dignidade da população original, a qual teve suas formas de vida prejudicadas com a expulsão.
No mapa, estão destacados em azul os 88 imóveis vazios do Centro Histórico de Salvador (sem contemplar os que estão à venda ou aluguel) e, em laranja, suas 95 “carcaças” (antigos casarões dos quais restam apenas a fachada e/ou elementos estruturais).